13 de janeiro de 2009

Conheço poucos downloadeadores compulsivos como eu. Sou um caso exagerado, admito, mas quem nunca baixou uma música ou um filme, ou um episódio de sua série predileta, que atire a primeira pedra. Já falei muito sobre isso aqui, mas é um assunto tão indefinido, tão distante de um ponto final, que muita gente tem opiniões diferentes umas das outras. As facilidades de download são enormes. Um mero usuário inicial de informática, só precisa digitar no google o que quer baixar e provavelmente achará. Quanto mais comum o arquivo procurado (música, filmes, jogos, programas, etc), mais facilmente será encontrado. Tendo uma conexão de alta velocidade, é como se ficasse à distancia de um mero clique para ter acesso à muita coisa protegida por direitos autorais.
É aí que entra a discórdia. Se somos - eu pelo menos sou - amantes da obra de um artista, não deveríamos respeitá-los, sabendo que aquilo é o ganha-pão deles?! Acho que o problema começa aí: ''é o ganha-pão''. Não, não é. Não mais. Foi um dia, num passado próximo. A música baixada não influenciará na quantidade de ingressos vendidos daquele artista ou banda. Baixar o filme que ainda não estreiou no cinema, não influenciará na bilheteria do mesmo. Isso é fato sólido e números de pesquisas confirmam isso. Todos concordam nisso.
O que quase ninguém concorda é que estejamos usando uma conexão com a internet para obtermos gratuitamente algo que já foi pago um dia. É conservadorismo demais para mim e para os downloadeadores compulsivos como eu. Mas e os artistas que estão começando? Em plena era do myspace, modernidade é o que há. Prova disso é a adolescente da moda Mallu Magalhães ter conseguido espaço na mídia sem ter vendido um único cd, apenas com uma fama espalhada pela net. Quase um boca a boca virtual. E rolou. Falam do Michael Jackson até hoje, mesmo apesar do seu ócio musical nos últimos anos, por ter sido ''o cara que fez Thriller'', o famosíssimo álbum que vendeu 104 milhões de cópias pelo mundo em 1982/83. Números inimagináveis pros tempos de hoje. Não é à toa que os limites usados para alguem receber um título de disco de platina, ouro, diamante, etc, diminuíram consideravelmente para uma realidade mais atual.
Fala-se muito de Creative Commons no meio da chamada 'imprensa especializada' no assunto. Mas os hard users de informática mal sabem os termos legais da coisa. Eu pessoalmente, só fui saber há pouco tempo que isso existe e algumas almas solitárias creem nisso, como o presidente eleito dos EUA Barack Obama. É utópico demais que as pessoas responsáveis por essa indústria de direitos autorais forcem uma barra onde as multidões consumidoras estão dando as cartas. Inclusive já bati de frente com amigos músicos e com minha amiga Carol Lancellotti sobre o charme de termos um cd original em mãos, comprado. Já fui entusiasta disso um dia - vide meus mais de 300 cd´s originais - e hoje penso de outra forma. Temos que valorizar o artista no seu show, é o que vai fazer ele continuar vivo. Não apenas números que chegam dizendo que ele vendeu 'x' cd's ou dvd's. Não pelo dinheiro, senão eu baixava um bootleg e pronto, seria feliz. Não é por aí que a banda toca, nem tocará.

Assim como Shawn Fanning, criador do Napster, poderia ser o anticristo da história, eu ainda aguardo um gênio da humanidade surgindo com alguma idéia inovadora, que faça com que os artistas continuem estimulados a fazerem música de qualidade. Não será nenhuma lei ou repressão, idéia intelectualizada e/ou politizada demais, que irá renovar a idéia de que o mundo da música mudou nos últimos 10 anos drasticamente. Para não morrer ou entrar em decadência profunda, estamos todos esperando o novo messias da música com alguma idéia. Alguem se habilita?