24 de maio de 2010

LOST: um divisor de águas

Eu não sou fã de me reunir com ninguém nem para ver final de Copa do Mundo. São raras as vezes que estou com humor para ver meu time do coração com muita gente ao meu lado. Gosto do meu sofá, sozinho, vazio. Parece que meus pensamentos cabem melhor na minha sala se eu estiver sozinho. Com muita gente, eles sofrem chiado, interferência, congestionamento de canais...
Lost foi uma série que me fez ter vontade de reunir os amigos e fazer uma agradabilíssima reunião caseira para todos compartilharem desse momento aguardado por 6 anos. Alguns desses meus amigos, estavam ao mesmo tempo que eu assistindo, outro viram tudo em menos tempo para ficarem 'em dia' com a série e deram continuidade. Um amigo inclusive, viu tudo em menos de 2 meses, logo, coisas de episódios longínquos estavam fresquinhas na memória dele. Achávamos que isso seria um fator bastante relevante, não foi. Nem um pouco por sinal.
Veio o final, a frustração somou-se à angústia da espera, não somente para chegar o grande dia (dia 23 de maio de 2010, ontem, data da exibição do final de Lost nos EUA), mas também por esperarmos até 6 horas da manhã (do dia 24, óbvio) pela legenda do episódio. Mas por que frustração? O episódio conclusivo foi um grande lixo? Não acho que foi e nem acho que as próprias pessoas que disseram isso pensam assim. A expectativa gerada foi enorme. Achávamos que produtores e roteiristas da série jamais iriam nos dar algo que fosse menos do que ''fantástico'', ''épico'', ''avassalador'', talvez até palavras inexistentes para idealizar o roteiro perfeito, a conclusão de uma história feita de maneira impecável. Lost nada mais era/foi do que uma história sobre seres humanos, feita por humanos, para humanos. Não seria em momento algum uma história sobre deuses, heróis, mitos ou mistérios relevantes para mudar a vida de alguém. Ursos polares, números enigmáticos, pé de estátua com 4 dedos, imortalidade, eletromagnetismo, etc. E os homens e mulheres (personagens) ali envolvidos? Muitos espectadores (a maioria) acabaram deixando-os de lado, inclusive eu. Logo, o final não agradaria nem gregos nem troianos.
Houve quem tenha dito antes ''no final, todos estavam mortos'' e agora acha que estava ''certo desde o começo''. Longe de ser um limbo, um purgatório, a ilha era palpável, vida real, uma provação REAL que qualquer um de nós pode passar no nosso dia-a-dia, sem nos darmos conta de que algo pós-vida está em jogo. Pensamos durante alguns anos, que tudo seria explicado e concluído, sem vermos por trás o verdadeiro sentido da ligação que todos os personagens exerceram esse tempo todo.
Ok, você está lendo isso pensando que estou satisfeitíssimo com a conclusão da série. Não! Eu estou decepcionado e frustrado como toda a torcida do Flamengo, do Corínthians e do Íbis. Acho que essa filosofia toda foi mostrada de maneira brega, óbviamente piegas ao extremo e não condiz com 10% do que a série foi. Tive que descansar, relaxar e assentar as idéias na mente pra saber o que eu próprio pensei a respeito. Não tinha como digerir rápido.
Uma série merecer um post já é um grande mérito, ainda mais vindo de um cara que não é um entusiasta de televisão e seus canais. Lost teve seus méritos incontestáveis, balançou todos nós, e talvez, para o nosso bem, deu adeus sem nos causar nem um pingo de saudade. Esse foi seu maior derradeiro mérito.
Obrigado Lost.