15 de outubro de 2012

Só uma fase


O mais ridículo de acharmos que algo nunca vai acontecer conosco é quando descobrimos, no momento exato em que acontece, que não estávamos nem um pouco vacinados a respeito daquilo, justamente pelo motivo óbvio de sempre termos negado a possibilidade.
Tal soberba não é permitida pelas aventuras da vida. A sensação de derrota total é superável, muitíssimo provavelmente. Já a certeza de que encontraremos essa opção e superaremos os momentos negativos extremos, são uma faca de dois gumes. Pois procurar essa superação frustra quando não encontramos. É justamente disso que temos que fugir: frustração.

Todo ser humano consegue ser herói apenas até certo ponto, até aqueles que entraram para a história da humanidade como grandes vencedores. Alguns vão mais longe que outros, porém todos querem ter uma força que não é comum a qualquer ser. Onde buscar forças extras? Se fosse um videogame, pediríamos ajuda a alguém que já passou por aquela fase. Nos ensinariam os macetes e atalhos. Pronto! Na vida real, ninguém passou por aquele exato caminho que você está passando. Ele é inédito, só você passará por ele. Por mais semelhanças que tenha com o caminho de outra pessoa, ele é único. Com o perdão do trocadilho, não é "só uma fase".

Não há uma verdade absoluta para se obter um sorriso no rosto, ainda que o rosto em questão seja o seu próprio. Depois de certo ponto, o sorriso mais difícil de obter é o próprio. Talvez seu rosto esteja mais exigente para contrair os músculos apenas quando vale a pena. Talvez a gente tenha desaprendido a fazer nós mesmos sorrirmos com as coisas simples. Que universo é esse onde os itens que mais queríamos - como um mero sorriso - não podem ser comprados ou conquistados num caminho que já conhecemos? É, realmente a vida não é um videogame e talvez por isso, hoje em dia, eu odeie videogames. Sinto inveja dos personagens em que lá vivem.

13 de setembro de 2012

Tempo Insuficiente

''Quem espera que a vida
Seja feita de ilusão
Pode até ficar maluco
Ou morrer na solidão
É preciso ter cuidado
Pra mais tarde não sofrer
É preciso saber viver''

(Erasmo Carlos / Roberto Carlos)

Nunca pensei que citaria algo escrito pelo Roberto Carlos. Infelizmente, o momento foi oportuno e sem querer querendo reparei no quanto essa música surgiu de repente na minha mente sem o menor esforço ou incentivo. Ela simplesmente brotou. E foi por motivos fortes.

Ultimamente, os questionamentos são muitos. Chego a uma fase da vida que uso esse bendito e longevo blog para soltar pensamentos novos. Alguns realmente incomodativos, outros, simplesmente reflexivos sobre mim mesmo. Mas o texto que se segue, se refere de maneira genérica a pensamentos e não a mim mesmo. Eu jamais conseguiria falar de mim mesmo de forma tão intrínseca como eu gostaria. Ainda assim consigo ir fundo em pensamentos sobre a vida, mesmo que quase tudo dela continue um mistério.

Certas horas da minha vida eu gostaria de ser mais hardcore, pois notadamente, quem vive dentro de ideologias revoltadas, consegue atingir patamares de vida muito mais satisfatórios. São menos motivos para se prender a algo. Assim, todos obtêm sucesso quando conseguem se desprender de bens materiais, objetivos de vida, pessoas... sim, principalmente pessoas. Há quem passe uma vida inteira conformado por não ter nada disso, quem viveu uma vida em vão. Mas nossa mísera e curta passagem nessa coisa chamada vida não nos permite tais vacilos. Quando cometemos essas escorregadas na nossa linha do tempo pessoal, jamais temos força logo em seguida para mudar tudo. Leva tempo. Há quem não consiga mesmo que tivesse todo o tempo do mundo. Por que então vermos objetivos como razão de viver? Por que a cabeça erguida, dizem, é a chave do sucesso?

Depois de todos esses anos nessa indústria vital, lembro de cada experiência que já compartilharam comigo ou as minhas próprias. Somando tudo, não dá grande coisa, mas ajuda. Vai sempre me ajudar no sentido do que buscamos. Percebi que a maioria dos seres humanos não quer nada para sua vida que não fuja do óbvio e de regrinhas pré-estabelecidas. Muita gente deixa passar seus objetivos porque eles são alternativos demais. Morrem sem saber do que realmente gostariam de ter feito com suas próprias vidas. É um questionamento tolo e complexo, mas que ninguém perde meia-hora do seu dia para pensar. Simplesmente há aqueles que praticam esse tal 'sentido da vida' ou não.

Ideologia de vida é o que move essas (poucas) pessoas. Dentro de tudo aquilo que corre contra a correnteza social, está escondido um objetivo maior: chutar o balde. Quem já viu o filme ''Um Dia de Fúria'' (1993) sabe muito bem o que é quebrar a rotina, as regras e aquilo que incomoda, literalmente. As pessoas mais próximas da gente estão, geralmente, longe daquilo que querem. Que tal se cada um de nós puder fazer algo para esse alguém se sentir incentivado a chegar lá? Há psicologia reversa suficientemente forte para isso? Uma boa conversa também talvez ajude. A vida realmente é curta para tantas possibilidades que poderíamos explorar. Talvez se vivêssemos até os mil anos de idade, também acharíamos pouco tempo.

2 de setembro de 2012

Vida feliz e realidades alternativas

A realidade amorosa de cada um é proporcional a felicidade que o amor lhe trouxe. Há quem tenha sofrido muito por causa de um amor perdido. Há quem tenha conhecido apenas a felicidade através do amor. Esse segundo tipo de pessoa, acha o amor uma coisa linda, plena, perfeita. Mas se num universo imperfeito, somos capazes de sentir algo que depende totalmente da presença de um segundo ser, não podemos considerar isso algo perfeito. É talvez uma das maiores armadilhas que a vida nos coloca cara a cara para aprendermos a lidar. Talvez seja a pior parte da vida, a mais arriscada. Talvez seja a melhor parte da vida, pois nos faz sorrir e ter forças para tudo.
Em 29 anos de vida, eu jamais havia acreditado que existisse um amor verdadeiro que não fosse dos pais para os filhos e vice-versa. Sempre tive dúvidas quanto a isso. Mas hoje aos 32 anos, com um tiquinho a mais de quilometragem, aprendi que a humildade mediante aquilo que sentimos, é o que mais nos ajuda a aprender. Não podemos exigir que ninguém saiba lidar com a gente, se nós mesmos demoramos muito tempo para aprender a lidar com si próprio. Há quem viva uma vida toda sem conseguir aprender. É algo difícil de se exigir.
Músicas, filmes, lugares, momentos e outras lembranças soltas, fazem alguém, em certo momento da vida, fechar os olhos e sonhar acordado com o momento que relembra um amor.
O que é o amor? É eterno? É algo superável? Se precisamos superar, faz mal. Se faz mal, é amor? Amor não correspondido, é amor? Ou a maioria das pessoas confunde amor com paixão? O que é paixão? Separar essas duas coisas, cada pessoa faz ao seu modo. Os nomes de cada uma dessas invenções pouco importa. Vale apenas o que se sente. É muito mais importante que apenas nomes dados a essas coisas.
São perguntas demais para poucas respostas e pouquíssimo tempo de vida. É muita coisa para se responder numa expectativa de vida média de apenas 60 ou 70 anos de idade. Enquanto a gente vive aquilo, muitas vezes não paramos para pensar a respeito. Depois, quando algo nos afligiu ou agoniou de alguma forma, temos todo o tempo do mundo para pensar nisso.
Ainda lembro de quando criança, não pensava em pagar contas ou em amar alguém. Só pensava nos meus brinquedos e videogames. Talvez o chamado Complexo de Peter Pan que muita gente vive, seja uma auto-proteção disso tudo. O medo de trazer, por livre e espontânea vontade, alguns problemas para sua vida, como por exemplo, aquele famoso momento que o amor bate à sua porta, pode ser o motivo de muita gente se desligar de tudo e viver uma vida vazia. Será que essas pessoas chegam à velhice felizes? Qual o potencial de cada uma dessas pessoas, de conseguir mudar seu comportamento justamente por conseguirem um amor, mesmo tendo passado a vida toda fugindo disso?
Quem souber a resposta, me conta aí embaixo na caixinha de comentários. Particularmente, eu ainda prefiro imaginar que em outros universos paralelos, o nosso destino pode ter sido diferente, com infinitas variações de cada destino possível e inimaginável para cada personagem disso que chamamos de VIDA.

22 de agosto de 2012

A vingança nunca é plena? (Uma breve história sobre super-heróis: Batman X Vingadores)

Comparar a trilogia que o Christopher Nolan destinou ao Batman com o nascimento cinematográfico do maior grupo de heróis da Marvel chega a ser uma covardia de tremendo mal gosto. Não falo apenas de questões cinematográficas como fotografia, efeitos especiais, roteiro coeso, direção ou elenco. Todos os quesitos indiscutivelmente superiores no filme da Marvel. Falo de razões morais que um mero filme baseado em HQ's pode nos trazer.

Enquanto fizeram de Bruce Wayne um Batman emo acovardado porque Gothan City injustiçou ele (tadinho), temos em Vingadores um elenco de 6 heróis distintos (até demais) compartilhando o único intuito de VINGAR seus princípios, ideais e aquilo que amam (no caso, o Planeta Terra). Já esse 'novo Batman' preferem deixá-lo enclausurado e incapacitado de proteger uma única cidade de um cara que nem sequer tem superpoderes.

Para quem conhece o Batman clássico dos HQ's, considera tal distorção de características do personagem até mesma ofensiva. Quem não lembra do Batman fazendo frente até mesmo ao Superman em alguns momentos? Se esqueceram que o Batman nunca ligou para a opinião pública? Onde está toda aquela vingança embutida do personagem que arrancaram a força dele para fazer um Batman mais coitadinho? Tão coitadinho que precisaram matar ele num belo plágio de Anjos e Demônios(2009) para ele ser heroizado pelo povo.

Além dos preceitos morais de que uma equipe pode ser formada por gente muito diferente uma da outra e ainda assim atingir o sucesso, o maior combustível, sempre é a causa nobre. Sempre é , como citado pelo Agente Coulson da S.H.I.E.L.D. a ausência de ''convicção'' de quem não possui uma causa nobre.
Assim como os X-Men nos ensinaram a combater o preconceito que temos dentro de cada um de nós sem percebermos, os Vingadores vieram para mostrar que , com ou sem super-heróis, as causas são o que mais importam.

É mais simples do que parece e nos esquecemos disso para discutir política ou motivações terroristas de um Bane que não foi nem sequer apresentado ao público antes de instalar tamanha anarquia em Gothan. Onde pode-se comparar a falta de esperança que um Bruce Wayne depressivo traz, quando se pode enxergar num Hulk tudo aquilo que precisamos é representado no diálogo mais simplista de todos os filmes de super-heróis já feitos até hoje? (video abaixo)



É revoltante que o personagem Batman tenha sido destruído em sua essência. Ao contrário de que no mesmo tempo de filme, todos os personagens de Vingadores (6 heróis e 1 vilão: 7 personagens no total) são valorizados suficientemente para se ter um carisma básico entre personagens X espectador.
Enquanto houver filmes de super-heróis tentando fazer belíssimas obras de reflexão social, só teremos filmes chatos querendo tirar o que os super-heróis que crescemos amando nos dão de mais especial: esperança.
Obrigado pela Marvel ter calado minha boca e fazer de super-heróis que nunca foram meus prediletos - sempre preferi a DC Comics - os maiores emissários desse sentimento de vingança, que nos traz livramento e esperança para esse mundo, onde as guerras reais não nos trazem nem sequer a certeza de um fim.