12 de maio de 2015

Felicidade Plena

O grande embate filosófico travado no cérebro de um suicida é: existe a felicidade em sua plenitude?
Talvez 99% da população mundial já tenha se perguntado isso. É uma dúvida comum a praticamente qualquer pessoa, provavelmente derivada de outra questão que tanto os físicos quanto os filósofos tentam responder: qual o sentido da vida?

Isso não significa que quase todos nós sejamos suicidas, mas que buscamos todos os dias alguns motivos para permanecermos nessa aventura. Atentem-se, é claro, que estou descartando a possibilidade de o sujeito não ter cometido suicídio por pura falta de coragem. Estou falando de alguém bem racional (o que é raro, pois somos seres emocionais em nossa natureza).

Tal pensamento me surgiu em meio a chuva da madrugada, um dia, voltando a pé para casa, quando a chuva apertou e me lembrou de um episódio de 1996, durante minha adolescência, quando eu estava num bairro isolado, triste e chorando sofrendo por uma paixão juvenil, quando também caía uma chuva forte e no meio do nada eu dei um urro típico dos filmes mais dramalhões possíveis. Aquilo foi como dizem, ''descarregou'' as energias que eu tinha acumulado de forma negativa devido a situação.

Sou ateu e cético no que diz respeito a esse papo de 'energias', mas creio que dependemos de certas válvulas de escape para fazer mente e corpo funcionar melhor. Pode ser uma música, um esporte, gritos, cantos, sexo, leitura, filmes, trabalho, ou qualquer coisa que ocupe a mente, provocando reações benéficas ao corpo, ou pelo menos, não atrapalhando o bom funcionamento dele. A medicina moderna aceita que a felicidade (seja lá que diabos signifique essa palavra) possa influenciar diretamente na produção de vitaminas e hormônios, o que soa como óbvio para quem já teve pelo menos uma pontinha de tristeza ou depressão na vida e sentiu isso na pele.

Quando parei para reparar que vivemos em busca da nossa plena felicidade, lembrei imediatamente do filme 'Inteligência Artificial', quando um robô que pensa ser um garotinho e pensa ter uma mãe (humana) de verdade, demonstra com atos todo seu afeto e suposto amor. No filme, idealizado pelo gênio Stanley Kubrick e finalizado pelo outro gênio Steven Spielberg, a ideia do amor não passa de uma programação na mente de uma máquina, com comandos e respostas. Se ele atingiu a tal 'inteligência artificial' que o título do filme propõe, jamais saberemos, mas só a ideia de que um sentimento possa ser algo programável, já nos incomoda. Será que todo o princípio rústico da felicidade, é baseado na forma que nós auto-programamos nosso cérebro?  Não sei os outros, mas na ausência dessa resposta, enquanto escrevia esse texto, devorei uma barra de chocolate saindo de uma dieta que tenho vivido.