Mãe, você sempre se preocupou em me preparar pra vida. Na minha infância, você parou de trabalhar como advogada para ser uma mãe mais presente. Seus ensinamentos eram passados com muita facilidade, sem imposição de ideias, mas sim dando escolhas. Você me contava que o vovô fez o mesmo contigo. Um misto de confiança e aprendizado.
Você não está aqui - os espíritas discordam de mim nisso - para ver tudo que consegui depois que você se foi. Aprendi a cozinhar, comecei a cuidar da casa com frequência de várias vezes por semana, tive que exercer a educação financeira que usamos nos últimos anos que você esteve aqui. Fomos sobreviventes.
Logo depois que você morreu, em menos de um mês, eu estava embarcando para realizar o meu maior sonho. Durante a viagem, sempre que eu pensava na recente perda, eu tentava mudar meus pensamentos, pois eu sabia que seu desejo jamais seria que eu ficasse triste durante a viagem e sim que eu curtisse bastante.
Três anos depois estive na terra dos nossos antepassados, no casamento de um dos meus amigos que você mais gostava. Sua última foto foi justamente com a esposa dele, que você adorava. Diferentemente da outra viagem, não teve um momento que eu não pensasse em você. Foi incrível. Tive a sensação que parte de você estava ali comigo. Lembro das suas histórias de quanndo esteve lá e isso me deu a nítida sensação que eu estava vivendo cada momento em sua companhia.
Hoje estou degladiando cada momento, cada dia, contra a minha idade, que por vezes, me dá uma sensação de solidão, e ora, eu não sou nada sozinho. Tenho ótimos amigos. Inclusive, um gatinho chamado Joleno, tão levado quanto carinhoso. Você iria adorar ele, tenho certeza.
Continuarei vivendo, sobrevivendo e sonhando. Graças a você.