24 de fevereiro de 2006

Recentemente ouvi a expressão ''desistir do ser humano''. Refleti sobre a penca de significados que ela pode ter. Me identifiquei bastante com esse tipo de pensamento, afinal, eu já desisti do ser humano há um bom tempo e somente hoje fui admitir isso.
Já não era sem tempo de isso acontecer, vide as constantes frustrações que eu tenho em relação à humanidade. Vejo tanta gente sem noção de nada que acontece no mundo, que não enxerga um palmo à frente do nariz, tanta gente que é inferior aos animais em TODOS os sentidos, que me faz ter um triste sentimento de vergonha por eu também ser humano.
É lamentável ver pessoas maltratando bichos, pessoas não dando valor a si próprias e fazendo de suas vidas algo produtivo, benéfico. Vejo à minha volta uma menina de 16 anos casando com um cara de 41 anos que conheceu somente há 3 meses, uma amiga de 19 anos que desistiu de viver porque o namorado morreu há 3 meses atrás, um amigo que gasta o que pode e o que não pode para comprar anabolizantes, outro que adora correr com o carro tornando o trânsito mais perigoso para todos, inclusive para ele mesmo. São apenas uns pequenos casos de meu desgosto desse mundo. Você pode dizer : ''mas são casos isolados''. Porém, se você procurar um pouquinho, acha outros fácilmente, aí na sua frente talvez.

É, é triste ser humano num mundo em que o ser humano anda tão em baixa.

7 de fevereiro de 2006

O que falar de Brokeback Mountain (O Segredo de Brokeback Mountain)?

Esse é o segundo indicado ao Oscar 2006 que eu assisto. O primeiro foi Crash-No Limite, que me pareceu ser muito mais bem elaborado. Minhas espectativas, por mais conservadoras que possam ser, me fazem esperar pelo filme do Spielberg mais do que qualquer outro. Motivo? Por ser do Spielberg! Munique tem um enredo melhor, tem um diretor melhor (sem querer tirar o mérito de Ang Lee em seu trabalho por Brokeback Mountain, cujo ponto fraco está no roteiro, não na direção, até porque estamos falando do diretor de O tigre e o Dragão, uma obra de arte plástica eternizada em forma de filme) e eu sou fã de tudo que o Spielberg fez até hoje. Fechando esse parênteses sobre outros indicados, volto a perguntar para mim mesmo: o que falar de Brokeback Mountain? É um filme de dois cowboys gays (ou bissexuais se preferir assim), com uma história centrada nos dois. O roteiro deixa-se perder em alguns momentos, tornando a história fria e sonolenta. Guardem bem esses nomes: Larry McMurtry e Diana Ossana, roteristas do filme, que foi baseado em estória de Annie Proulx. Nunca mais assisto filmes cujo roteiro seja desses dois. Se me avisarem antes, tô fora.

A partir desse parágrafo, se não quiser mais saber sobre o filme, não leia. É inevitável eu comentar sobre um filme que antes de assistir, me atiçou a curiosidade no sentido de, o que um filme hollywoodiano sobre dois cowboys gays pode fazer para ser merecedor de uma indicação ao Oscar?! E pior ainda, ser o favorito ao prêmio de melhor filme. Esse 'pior' citado na frase anterior, pode me fazer soar como um sujeito homofóbico, que não sou. Longe disso até. O que não me faz evitar a pergunta. O que esse filme fez para merecer tanto espaço? Só uma polêmica é suficiente? Ou seria o fato de ter sido dirigido por um grande diretor, Ang Lee? Pois acredito eu, que se fosse um diretor da Malásia ou da Costa do Marfim, a fazer um filme sobre dois cowboys gays, talvez não tivesse uma repercussão. A Paramount Pictures se submeteu a gravar um filme desse por algum motivo. Acredito eu também, que seja por já terem enxergado, logo no roteiro, um público alvo para esse tipo de filme. Na verdade três tipos de público alvo em efeito bola de neve. Primeiro os próprios gays; segundo, os críticos de cinema de plantão que adoram uma manchete do tipo "Filme de Ang Lee sobre cowboys gays é indicado ao Oscar'', e finalmente em terceiro, aqueles curiosos (como eu) que se perguntam ''Que merda de filme é esse?''.

Pareceu que só falei mal do filme e na verdade, o é. Mas duas coisas eu devo ser frio pra reconhecer. A primeira que me chamou atenção é a fotografia do filme, porém, mesmo sendo excelente, ainda fica atrás de O Jardineiro Fiel nesse quesito, que diga-se de passagem, nem foi indicado nessa categoria. A segunda, é a atuação de ambos os atores que representam os cowboys. Encorporaram gays que deixariam o mais homofóbico ou não, com asia e má digestão por um bom tempo. Chega a ser descarada a bandeira levantada pelo filme por esse ponto de vista. Parece que bradam aos quatro ventos: é legal ser gay e o mundo inteiro não tem nada a ver com isso!! Concordo, claro. Até aí tudo certo, se não fosse por esse tipo de exposição à homosexualidade com o intuito de romper um preconceito - ainda existente - mas chocando, incomodando. Ninguém quer ver um casal de gays se beijando na rua. Isso incomoda. Até mesmo um casal hetero, que é algo normal - sim, nesse caso podemos usar a palavra 'normal' sem soar preconceituosa - incomoda quando vê-se em amassos exagerados em lugares públicos. Por que então nos impor um filme (com indicações ao Oscar, sempre lembrando disso por favor) fazendo essa quase apologia ao homosexualismo? O filme é uma história como qualquer outra, contando um caso de paixão, um caso de infidelidade às esposas de ambos personagens. Onde está a moral e os valores? Nem eu nem você, nem ninguém tem nada a ver com essa opção sexual muito comum e cada vez mais promovida hoje em dia. Mas incomoda sim, Muito! Hipocrisia é dizermos que ver algo assim, permite nos identificarmos com os personagens. Afinal, de que serve história de amor em filmes? É muito bonito dizer que a ousadia(?) de um filme desse 'rompe barreiras'. Mas se pararmos para pensar, as barreiras já foram rompidas há muito tempo. Soei puritano? Tenho certeza que não. E você, heterosexual, normal, não hipócrita, também, assim como eu, não irá bradar aos quatro ventos: o mundo é gay!

Abraços a todos. Fiquem com Deus.