10 de outubro de 2004

Alguém já viu aquele filme "Um Noite Muito Louca"? Minha última madrugada lembrou o filme. Em vários sentidos.

Sepulfest. Bagunça, headbangers, tumulto e 4 bandas, no mínimo interessantes de serem assistidas. A primeira, eu to rindo até agora dela. Unearthly. Lembram do post (dia 24 de setembro) que "ensina a ser true black metal"?! Essa banda seguiu o manual à risca. Sem mais comentários sobre ela. Matanza foi a segunda atração da noite. Uma competente banda, com identidade própria, mas que infelizmente, foi prejudicada pela "lei do som ruim para bandas de abertura". Uma Sra. Sacanagem com o quarteto meio-punk-meio-hard rock.

A coisa começou a ficar séria quando Sayowa entrou no palco e mostrou ser uma promessa para os próximos anos no rock nacional. Tocaram de Chico Science e Nação Zumbi à Metállica, até O Rappa passou pelo repertório deles. Dois pares de tambores tocados por dois percursionistas da banda, são a identidade deles e que realmente fazem a diferença. Mas o que esperar de um show do Sepultura num lugar underground (e bota underground nisso) como a Fundição Progresso?! Eu esperava muito e muito me foi dado. A banda está mais entrosada do que nunca. Igor Cavalera, o gênio das baquetas, deu um verdadeiro tapa na orelha de todo mundo presente. Andreas Kisser, soltou algumas pérolas como "Smoke On The Water" do Deep Purple, "Black Sabbath" da própria banda homônima e "Dazed and Confused" do Led Zeppelin. Grande show.

Mas a noite de verdade, só estaria começando. Na saída, eu descubro que não havia ônibus para Jacarepaguá. O que fazer?! "Ahh, vou andando para o Garage" pensei, mas desisti na Av. Presidente Vargas, tamanha a distância da Lapa até o Centro. Quem conhece um pouquinho o Rio, sabe do que estou falando. Ônibus não passava, van também não, só restava esperar sentado ao meio fio. Saudade dessa vida de roqueirinho-doido-que-não-tem-rumo. Me lembrou até meus 16 anos correndo atrás de qualquer showzinho que tivesse. Não que o Sepulfest estivesse incluso nesse grupo de "showzinho", muito pelo contrário, mas que o perrengue é fato, é. Saudade do perrengue? Sim, muita. Se for fácil não tem graça, não é rock´n roll. Pode parecer clichê isso, mas é clichê mesmo.

Finalmente surge um ônibus conhecido. Era o 269. Vazio, com uma meia dúzia de gatos pingados dentro do ônibus. Depois de me pegar, só pegou mais um casalzinho bem alternativo (cada um com um cabelo pior que o outro) no ponto do Garage. Rumo à Estrada Grajaú-Jacarepaguá, ninguém mais embarcou no busão. Mas no meio da serra, o ônibus se depara com uma multidão que saía do baile funk da Árvore Seca, uma verdadeira fauna se apoderou do ônibus às 5 horas da manhã. Não cabia mais nem uma alma. Sorte minha que eu já estava sentado. Com minha camisa do Sepultura, um casaco de couro, eu me senti no ninho de cobras. Ou seria macacos?! Calma, não foi racismo, até porque a maioria era branca. Falo isso por causa de uma indivídua que eu não vi a cara dela (graças a Deus) durante a viagem toda, mas que eu ouvia sua voz frenética gritando "eu sou macaca", "tira a mão do meu c*", entre outras frases memoráveis e muito produtivas intelectualmente falando.

O ônibus era "pilotado" (como os funkeiros estavam dizendo), por uma senhora de cabelos grisalhos muito paciente, que deixou todos entrarem pela porta de trás, a da saída, para não pagarem, tamanho seria o tumulto se ela não abrisse, ou pior, se ela nem parasse o ônibus. Uma atitude coerente e corriqueira para os profissionais do ramo que fazem o trajeto da Est. Grajaú-Jacarepaguá. Mas nem um pouco corriqueira para mim. Só para se ter uma idéia, eu tinha acabado de sair de um show do Sepultura, no entando eu só fiquei com dor de cabeça depois que a tal auto-intitulada "macaca" e seus amigos intelectualizados, gritavam para quem quisesse ouvir, suas peripécias durante o tal baile funk.

Cheguei no ponto da Av. Geremário Dantas são e salvo por incrível que pareça, comemorando até o fim da alma por ter conseguido chegar perto de casa e principalmente, ter conseguido sair do ônibus.

Provavelmente eu esqueci de relatar algum detalhe que na hora que eu caminhava a minha rua toda em direção à minha casa, eu pensava em postar. Mas a maior parte dos acontecimentos inusitados foram estão nesse post, feito do jeitinho que eu gosto: com carinho. Hahahahaha.

Abraços a todos e fiquem com Deus.

Fala que eu te escuto

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