7 de julho de 2010

Bruno, o ídolo?

Menos original do que dar livro da saga Crepúsculo para uma colega feia no amigo-oculto, é jogador de futebol se envolver com mulheres de índole questionável. Tudo indica que o goleiro do Flamengo, Bruno, realmente está envolvido com a morte de sua ex-amante Eliza, mas até aí morreu neves.
O que mais me chama atenção é a diferença de tratamento pro caso por parte da imprensa e comentaristas. Não vejo revolta, não vejo indignação igual se via no Caso Isabela Nardoni. Isabela era criança. OK. Mas Eliza, que também era um ser humano igual qualquer outro, possuía direitos. Mesmo com toda sua índole questionável e passado não favorável, foi assassinada e há um crime do mesmo naipe que no Caso Isabela.
Observem que a única diferença é o apelo popular de termos, dessa vez, um ídolo do time de maior torcida do país fazendo o papel de réu (ainda não, mas fará, sem dúvidas e será julgado) e uma 'Maria Ninguém' como vítima, ao contrário do caso anterior, cuja vítima era uma criança indefesa.
Eliza, que supostamente foi morta por mais de um homem, estava tão indefesa quanto Isabela. O pai e a madrasta de Isabela eram os anônimos da história. Todos resolveram se solidarizar com a criança já morta. Porém, o apelo popular, dificilmente fará alguém ir pra porta do tribunal gritar ''Bruno assassino". Quem irá se revoltar, afinal, que uma ex-atriz pornõ foi morta por um ídolo de milhões?

É justamente a partir de agora que entra o meu lado mais amplo de pensar. Eu, que sou flamenguista, não me torno parcial (nem um pouco aliás) de comparar um caso de assassinato envolvendo um ídolo, de outro caso que temos uma criança. Provavelmente, muitos irão para a delegacia ou porta do fórum com cartazes de apoio ao Bruno, sem nem ao menos terem a mais vaga idéia do que realmente aconteceu. É uma parcialidade nociva à nossa sociedade já tão envenenada por ignorâncias em massa. É triste ver um povo tão imbecil ao ponto de não ter o mínimo de discernimento - igual uma criança quando já tem idade que possa saber qual botão do elevador apertar - de pensar com calma sobre o que se assiste, ouve e se lê(?) por aí.  O tratamento diferenciado da imprensa também não me passa despercebido. É descarada a cautela que todos os veículos de comunicação tem demonstrado para tratar do assunto. Sabem que estão lidando com um nome famoso, de um sujeito em evidência a qual a própria imprensa sempre dá ouvidos, entrevista no dia-a-dia, publica suas frases polêmicas, etc.

Assim como Isabela, nunca tive o menor afeto por Eliza. São seres humanos. Uma de espécie idêntica à outra. Cidadãs que foram vitimadas friamente por gente de caráter muito mais questionável do que Eliza.
Quando isso tudo acabar, não é o Bruno que vai rir, como ele próprio disse. Eu vou rir muito sim do papel ridículo que essas pessoas se prestam de idolatrar famosos imparcialmente. É pura alienação. Do tipo mais depreciável que há. Mas não devem ser ignorados, pois são pessoas perigosas. Talvez tanto quanto seus ídolos. Pobres imbecis.

5 Falaram

Helmut Jr. disse...

Espero que a tão falada "mídia"(que por muitas pessoas), a qual se dá tanta importância hoje em dia, que se passa como "real" apresentadora e demonstradora dos fatos e acntecimentos de nosso dia-a-dia, venha de encontro aos desejos do nosso povo de construir uma sociedade justa, equilibrada, saudável, e que essa mídia mostre que, como vc bem disse, ambas as vítimas são seres humanos, cujo valor não se mede pelo que elas foram ou deixaram de ser... que haja um respeito e um tratamento igual a todos ...
Para finalizar, falando das pessoas que idolatram famosos imparcialmente, elas não são só perigosas ou alienadas ... são verdadeiros alienígenas ! Não pertencem à espécie humana!

Henrique disse...

Pedro, concordo com suas críticas. Mas preste atenção, pois no final do texto você já assume que o Bruno é culpado.

Uma das coisas que me irritou no caso Nardoni foi o povo todo falando "prende logo pois temos certeza que eles são culpados!" Essa caça as bruxas é sempre perigosa e pode trazer injustiças. Concordo que o povo se comover de forma diferenciada é demasiadamente escroto, mas a sociedade querer julgar as pessoas pegando apenas as informações soltas da mídia, sem participar do processo de investigação, sem ler os autos, ou sem ter testemunhado nada também é revoltante.

Anônimo disse...

PARAéns Pedrão. Só cuidado para n condenar o Bruno qd o inquérito ainda está tão cedo.

abç,
BR

Pedro Feital disse...

eu não condenei o Bruno em momento algum. me referi a ele no final do texto apenas fazendo referência a uma frase que ele próprio disse ''no final vou rir disso tudo''. o que foi um tremendo desrespeito com a menina, tenha sido ele o assassino ou não.

Cã disse...

Hummm não tinha parado pra pensar nisso, mas concordo. Eu to cagando se o Bruno matou alguém e é goleiro do meu time, tem nego aqui do lado morrendo de forma mais brutal e ninguém liga. Pra mim dá no mesmo: Isabela, Eliza, as crianças violentadas aqui do lado...Já tive quase 20 anos pra me conformar com a realidade desse mundo, a menos que eu possa fazer algo pra mudar em alguma circunstância. Sinceramente... continuo cagando pro fato.

PS: O povo é hipócrita mesmo. Se fosse o Felipe Meeeelo matando alguém... seria outra história né! hahaha

Postar um comentário