Ontem no Rio, tivemos uma demonstração de covardia e incompetência dos órgãos públicos em relação ao comércio de produtos falsificados, os ditos piratas. O comércio popular da Rua Uruguaiana, conhecido como Camelódromo, sofreu uma operação massiva, com previsão de duração de 3 dias para repreender, proibir e apreender produtos falsificados. Quem financiou a operação? Algumas das principais marcas multinacionais que se sentem alvo de falsificações.
Entendo que tais empresas pagam seus impostos honestamente - até onde a gente sabe - e merecem um lugar ao sol no comércio com muita evidência e globalização até enjoar. O que não entendo, é encherem o saco do pobre trabalhador honesto que tem seu ganha-pão ali. O pirata não é um pobre atendente de balcão - muitas vezes desempregado formal e autônomo honesto - que ganha algo em torno de um salário mínimo pra sustentar sua família com trabalho suado e diário. Mas a polícia quer levar à imprensa a idéia de que pensa exatamente o contrário. A imprensa - sempre ela, essa maldita - vai na onda e nos traz manchetes nada abrangentes do que é, na verdade, o comércio de produtos falsificados. Que saudade de reportagens investigativas. Elas andam mais sumidas do que nunca ultimamente. Parece que o público talvez esteja preguiçoso por informações.
O Camelódromo da Uruguaiana é o que eu sempre chamei de ''paraíso da classe média trabalhadora''. O rico (pequeno) salário do cara sai e ele mal vê a hora de comprar algo que tanto deseja. Quando dá por si, nota que seu salário não é suficiente pra comprar aquilo. Recorre então, ao bom e velho Camelódromo, onde encontrará, provavelmente, aquilo que tanto deseja por um preço muito mais aceitável e acessível. É desonestidade de quem que exista uma camisa da seleção brasileira de futebol, custando R$300,00? Com certeza o trabalhador tem o direito de tê-la. Só não merece que seu preço seja tão fora da realidade do brasileiro assim.
Já falei muitas vezes aqui no blog o que penso do CD/DVD original e das vantagens da revolução dos downloads, ditos ''ilegais'', do quanto é questionável a antiga idéia da obra original ser comprada. Sou contra o download pago também, pois ele, no fundo, com o passar dos anos não passará de uma mera simbologia de ode ao artista, por mais redundante que isso seja. O sentido do produto em si, não está no preço e sim na admiração por trás do interesse no mesmo. A pirataria de produtos de marcas famosas não está muito longe disso, principalmente quando falamos de um consumidor que dificilmente teria acesso a uma grande marca pagando seu preço original.
A máfia alimentada é enorme, tanto dos grandes empresários donos de tais marcas originais, quanto de seus primos 'pobres' falsificadores. Quem sai perdendo, sempre é o pobre trabalhador balconista de um dos boxes do Camelódromo. Entre os 1600 boxes em que o Camelódromo é dividido, boa parte tem renda mensal de mais de R$10000,00. Mas o lucro vai em sua maior parte para os donos dos boxes, deixando seus vendedores com uma parcela mínima. Por que essas grandes empresas que financiam uma mega-operação dessas, não usam a mesma fortuna para investir em mais pessoal empregado em suas fábricas e lojas próprias, diminui o preço de seus produtos a um risco aceitável e começa a conquistar novas fatias da população?! Não o fazem porque há algo muito mais maquiavélico por trás disso. É através desse tipo de pensamento desumano e egoísta dessas grandes empresas, que entra o meu pensamento: SALVEM OS PIRATAS!!
Fliis - Boa musica continua - Repostando
Há 10 anos