13 de maio de 2009

Nessa segunda-feira, o Programa do Jô teve dois convidados com cargos diferentes, mas em funções parecidas: Michel Temer, presidente do congresso e Sebastião Santos, presidente da Associação dos Catadores de lixo de Gramacho.
Michel lida com 513 senhores, em sua maioria com um nível de instrução razoável, alguns com nível superior e salário mensal de R$ 16.512,09, fora os "extras", que todo brasileiro que não passou os últimos 20 anos numa ilha deserta, sabe que existe.
Sebastião lida com cerca de 5 mil analfabetos e semi-analfabetos, que fazem a coleta seletiva de lixo no aterro sanitário de Gramaxo, baixada fluminense, faturando uma média de R$ 50,00 para uma média de 18 horas de trabalho suado, cansativo e nada saudável, tendo em vista toda a exposição de riscos que um catador sofre no seu "ambiente de trabalho".
O que mais me impressionou - ainda que eu não saiba se a intenção da produção do Programa do Jô foi proposital ou não - foi ter a presença de dois tão opostos líderes no MESMO dia de programa. É claro que Michel teve 2 blocos do programa para falar de um assunto que nós brasileiros aprendemos a repudiar, dispensar, odiar e até mesmo rir às vezes: política. Sebastião teve um bloco somente, para falar do trabalho de 5 mil pessoas que ajudam muito mais a sociedade e são muito mais úteis do que os 513 colegas de Michel. São pessoas que ajudam o nosso meio-ambiente a ficar menos pior, pessoas que trabalham e fazem muitíssimo jus ao dinheiro suado que recebem no fim do dia, pessoas que mesmo com pouca instrução (em sua maioria, como Sebastião mesmo detalhou), estão ali fazendo a parte delas: trabalhando.
Não é, no mínimo, curioso viver num país onde catadores de lixo (ou catadores de material reciclável como Sebastião gosta de dizer), sejam mais úteis à nossa sociedade do que os 513 senhores que estão em Brasília porque nós próprios colocamos eles lá?
Se não tivessem sidos os dois, convidados para o mesmo dia, eu não teria pensado nisso.
Contraditório demais e contrastante demais esse programa de hoje.

Fala que eu te escuto

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