7 de janeiro de 2004

Já não é a primeira vez que venho aqui falar sobre algo que li no jornal. Certas notícias - como essas que eu leio - me chamam a atenção, por sua compatibilidade com discussões, a respeito dos interesses de vários segmentos da sociedade, mas que sempre envolvem uma polêmica um pouco maior do que a esperada. Desta vez não foi diferente, sendo que exatamente por esse motivo que vou falar, depois de quase 1 ano de blog, de um gênero musical que não seja o rock. Ainda não entendeu nada? Estou falando de um evento que ocorrerá no Rio Centro nessa semana: Hip Hop Manifesta.

Para quem não sabe, trata-se de um evento inédito no Brasil, que envolverá nomes consagrados do hip hop americano e também alguns nacionais. Evento esse organizado por alguns dos empresários mais manjados do cenário playboyzistico carioca, entre eles o global Luciano Huck.

Por que falar sobre hip hop num blog de um cara que nem é muito fã do gênero?

Simples, serão dois dias de evento, o preço do ingresso mais barato custa R$ 40,00 (Pista) ou R$ 70,00 para os dois dias.
Assim, tive uma identificação imediata com um post que publiquei aqui recentemente sobre o preço exorbitante do ingresso do show do Iron Maiden. São generos musicais diferentes, mas a causa dessa discussão é a mesma. A exclusão do público alvo, tendo em vista que o hip hop é originalmente um ritmo de periferia, surgido em comunidades pobres dos grandes centros urbanos e justamente eles, estão sendo excluídos de um evento onde os ídolos deles estarão presentes.

Bem, meu colega de basket, o rapper MV Bill, tem a palavra:

Não vou falar em nome do hip hop, até porque ninguém é autorizado a fazer isso no Brasil. Mas não dá para ser inocente. Esse evento não é apenas um evento, é o inicio de um processo de dominação e exclusão. O primeiro ato é cobrar uma fortuna para entrar e doar farinha para quem não vai poder pagar para ver seus ídolos. Se ninguém consegue ver a violência que está por trás desse discurso, se os movimentos negros e os homens públicos não percebem o que estão cometendo com a história de vida de vários jovens negros de periferias desse país, é porque, infelizmente, a guerra é realmente inevitável.

Fazendo minhas as palavras dele, só posso dizer que seria como vetar o uso de camisas pretas num show de rock. Exclusão é a maior arma anti-cultura que existe. E será que existe forma de cultura mais popular e prazerosa do que música ? Não mesmo !!

Abraços a todos e fiquem com Deus.

UP THE IRONS !! (faltam 9 dias)

Fala que eu te escuto

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