2 de abril de 2004

Sei que, mais uma vez, será eu contra o mundo nesse post, mas já me acostumei com isso. Tudo partindo de uma reportagem que acabei de ler. Por esse e outros motivos mais pessoais, escolhi falar de atitude. A mesma atitude que Kurt Cobain aparentava ter e minha avalanche de críticas será toda em cima disso.

Não quero discutir o quanto o Nirvana revolucionou a história da música mundial, talvez atrás apenas dos Beatles. Quero sim, falar de algo pior e mais venenoso à música: a atitude. Apenas levantarei uma questão (adoro levantar questões assim, que gerem intermináveis discussões), sobre a importância de uma atitude na música. O que seria necessáriamente essa atitude ? Bem, a reportagem que eu li, é essa abaixo.

'Cobain se recusou a subir ao palco com Guns', diz Ulrich (02/04/04)

Em matéria sobre os dez anos da morte de Kurt Cobain, o NME publicou um texto de autoria do baterista Lars Ulrich, do METALLICA: eis a tradução (adaptada):

"Em 1991, havia um certo sentimento de repulsa na América em relação às bandas de 'Hair Metal' de Los Angeles. E Kurt Cobain transparecia sinceridade, com ele nos sentíamos 'conectados' a uma pessoa real, não a uma imagem pré-fabricada. Poucas pessoas têm esta habilidade.

Nunca o encontrei pessoalmente, mas nosso guitarrista, Kirk Hammett, mantinha contato com ele. Em 1992 estávamos fazendo uma turnê com o GUNS N'ROSES e queríamos que o NIRVANA se juntasse a nós. Kirk perguntou diretamente a Cobain, que lhe disse que tocaria com o METALLICA em qualquer parte do mundo, em qualquer lugar, mas que jamais subiria no mesmo palco que o GUNS N'ROSES, que para ele representava a antítese de tudo em que acreditava.

Como disse, nunca me encontrei com Kurt, e ele, juntamente com Bon Scott (AC/DC) são as únicas personalidades do Rock'N'Roll que eu gostaria de ter conhecido pessoalmente. Uma pena que não possamos ouvir o que seria o quarto trabalho do NIRVANA. Seria muito interessante saber até onde eles chegariam".

Será que vale a pena, um sujeito formar uma banda, correr atrás disso, como eu estou fazendo atualmente; compor algumas músicas, tocar em lugares pequenos e comercialmente sem nenhuma importância em larga escala no cenário fonográfico, crescer através da competência de um empresário, para se recusar a ganhar dinheiro, renegar aquilo que um dia almejou, correu atrás e suou para
conseguir? Estranho, não chamo isso de atitude. Chamo de burrice e falta de credibilidade para se ter uma idolatria.

As letras down pesaram nisso. Pesaram para transformar Kurt em um mártir, mesmo ele tendo sido incompetente para lidar com sua própria vida (nota: ele se sucicidou), ele continua sendo um ídolo, não um ídolo músical apenas, isso eu aceitaria numa boa, mas sim um ídolo por suas letras e idéias maníaco-depressivas. Que espécie de ídolo é esse que não é um exemplo digno para nos espelharmos ? Esse lance de letras de música, são levados muito em conta aqui no Brasil, vide o sucesso de Legião Urbana. Me faz achar que a música em si, morreu, acabou e não tem mais o que nos oferecer. Os exemplos derradeiros de música, seguindo esse conceito, viriam apenas de compositores mortos como Bach, Mozart, Bethoven ou Chopin. Acontece que depois disso, já tivemos os maravilhos Pink Floyd, Beatles, Led Zeppelin, Jimmy Hendrix (que apesar de pouco cantar, soltava verdadeiras frases com sua guitarra, se expressando melhor do que muitas letras de música que vemos por aí), Black Sabbath, entre muitos outros.

Depois disso tudo ainda se fala da atitude, algo em que Metallica e Guns n´Roses são exemplos humorísticos. Até Avril Lavigne é menos indigna, por mais que ela demonstre uma pseudo-atitude descarada, ela produz a musiquinha dela de uma maneira honesta, vende um pop com guitarras, algo raro hoje em dia, já que vivemos num período pós-boy bands e faz shows, vende, fazendo o que precisa ser feito por um artista que alcança o patamar que ela alcançou. Não se deve renegar as origens, jamais. Mudar de atitude é um perfeito exemplo de falta de atitude.

Podem me apedrejar, porém, a conclusão que eu cheguei é que Avril Lavigne tem tanta ou mais atitude do que Kurt Cobain teve.

Finalmente voltei a falar de música. Ufa !!!
Abraços a todos e fiquem com Deus.

Fala que eu te escuto

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