15 de julho de 2003

Agora, como prometi... As Aventuras de Jojosé.

1° Episódio
Vida Nova (parte 2 de 2)

Em poucos meses, Jojosé já tinha comprado uma bateria de segunda mão com o suado e restrito dinheiro de seu trabalho no Podrão. Decidiu então começar a ter ensaios semanais com Chang Lee.

Durante meses eles ensaiaram juntos. Agora com ajuda de um baixista chamado Bones Clyde. Experiente apesar de novo, Bones gostava apenas de Beatles. Se lhe falavam de alguma banda ou gênero músical novo, logo ele dizia que aquilo já fora feito pelos Beatles. Era Beatles, Beatles, Beatles o tempo todo. Mas apesar disso, um excelente baixista.

Faltava um nome para a banda.
- O que acham de B4? - sujeriu Bones
- Muito antiquado - retrucou Jojosé, adepto da modernidade extrema, modismos - qualquer coisa que lembre "o antes", não ia combinar com a gente.
- Eu concordo!! - completou Chang.
- Eu tenho uma idéia. O que acham de Meecrob?
- Excelente, Jojosé!! - bravou Chang.
- Perfeito!! - concordou Bones.

Agora restava a Jojosé, apenas concretizar o plano que fizera com seu amigo Rhufus meses antes. Ele precisava de 200 Irons o quanto antes para ir ao centro de Dreamworld com Rhufus na manhã seguinte. Conseguiu um empréstimo com Chang Lee e prometeu que assim que retornasse de Joe e Leo do Norte pagaria a dívida. Enquanto estava no ônibus, ele pensou se Xiris de Alecrim gostaria de encontrá-lo. Seus pais haviam sido mortos na revolução de Dreamworld e Xiris sempre se demonstrou uma mulher independente. Ela trabalhava num hotel de Joe e Leo do Norte. Essa era a única pista que Jojosé tinha de sua irmã.

Ao desembarcar do ônibus, já em Joe e Leo do Norte, estava tenso após uma exaustiva viagem. A diferença de clima de Dreamworld para Joe e Leo do Norte era grande para sua saúde fragilizada. Jojosé estava com uma rotina diária muito cansativa. Estava exausto. A primeira coisa a fazer, era encontrar o contato que Rhufus tinha em Joe e Leo do Norte. Um desertor do antigo e extinto exército de Joe e Leo do Norte. Agora era um reinado pacífico e Capeletti, como era conhecido, não mais poderia ser considerado um inimigo do reino de Joe e Leo do Norte. Era descendente de orientais e era chamado assim por causa de um chapéu que ele usava em forma da massa com mesmo nome. Um chapéu muito ridículo, mas servia para esconder um cabelo despenteado que ele tinha preguiça de ajeitar antes de sair de casa.

Capeletti estaria na saída da rodoviária esperando-o com a descrição dada. Uma camisa azul e bermuda laranja, sua única vestimenta para sair de casa depois que se aposentou. Jojosé acompanhou-o até sua casa, passou a noite no quarto de hóspedes e no dia seguinte já estava pronto para descobrir em qual hotel Xiris de Alecrim trabalhava. Capeletti levou-o até o provável hotel em que desconfiava que Xiris trabalhava. Na recepção, se dirigiu a um homem de terno branco. Aparentemente o recepcionista.
- Bom dia! Eu estou procurando uma pessoa, na verdade, minha irmã e gostaria de saber se ela trabalha aqui. O nome dela é Xiris de Alecrim.
- O senhor é irmão da senhorita Alecrim? - disse o homem arregalando os olhos com expressão de espanto.
- Sim. Por que pergunta.
- Bem... por nada...
- Fale! Sabe onde está minha irmã? Você a conhece? - disse Jojosé já aumentando o tom de voz.
- Sim, claro! Por favor, aguarde um minuto.
O homem se dirigiu à uma porta ao lado da recepção e saiu de lá rapidamente, convidando Jojosé a entrar.
- Mas ele terá que esperar. - avisou o homem referindo-se a Capeletti.
- Espere aqui Capeletti. - disse Jojosé já se dirigindo à porta.
No primeiro instante tomou um susto, que se seguiu por um sentimento de orgulho, logo tomado por uma ansiedade incontrolável de abraçar sua irmã.
- Xiris? É você?
- O que quer? Dinheiro? - interrompeu Xiris em tom seco.
- Como assim Xiris? Sou eu, Jojo...
- Eu sei quem é você. O responsável pela morte dos meus pais. Diga o que quer logo. Estou trabalhando.
- Xiris, eu viajei muitos quilômetros para te encontrar. Estou há meses tentando saber seu paradeiro.
- Pra que? Para fazer igual a todos esses homens? Não aguento mais homens. Não aguento mais ninguém. Só quero saber da minha vida. Por isso saí de Dreamworld. Lá eu iria lembrar da injustiça que meus pais sofreram por SUA causa.
- Minha causa? Do que está falando? - Jojosé humildemente insistia.
- Ah , não me faça dizer. Você é igual a essa corja de headbangers que tomaram o poder. Estou de saco cheio de todos vocês. Meus pais foram mortos por eles, mas você atiçou-os durante anos enquanto esteve no trono de Dreamworld e não fez nada para proteger nossos pais. Só queria suas próprias vontades como aquela idiotice de acabar com o tempo. Tenho vergonha de ser sua irmã. Agora saia daqui.

Desolado, Jojosé agradeceu a Capeletti e pediu que o mesmo o deixasse na rodoviária. Sua viagem a Joe e Leo do Norte havia terminado. Deveria seguir sua vida e esquecer que sua querida e indefesa irmãzinha, era agora uma gerente muito bem sucedida de um grande hotel.

Seguiram-se meses e meses de ensaios e apresentações em pequenos lugarejos de Dreamworl até que a Meecrob ficasse famosa. Alguns radicais, militantes do governo headbanger não gostavam da idéia de uma banda alternativa fazer tanto sucesso assim. E tentando ganhar popularidade entre o povo, a bancada parlamentar dos headbangers, extinguiram a lei de que todos deveriam andar de preto nas ruas. Em vão, pois o povo não suportava o novo gorverno. Preferia o antigo, com o rei Jojosé, mesmo onde o anarquismo se passava por um meio de vida mais agradável. Jojosé não era anarquista extremista, mas seus aliados não o consideravam nem um pouco conservador, o que o forçava a ter uma postura de fachada em certos momentos.

O governo headbanger mandou fechar a MTV de Dreamworld. O único meio de a Meecrob divulgar seu trabalho, eram apresentações em lugares pequenos, que cada vez ficavam menores ainda para seu crescente público. Bones Clyde, preocupado que a imagem da banda ficasse desgastada, propôs a gravação do primeiro CD.
- Dê onde vamos tirar tanto dinheiro? - questionou Chang Lee.
- O dono da rede dos podrões está disposto a um patrocínio, conversei com ele ontem - revelou Jojosé.
- É só vermos os custos. Tenho certeza que ele vai querer investir na gente.

- Então diga para ele que já temos as músicas e só precisamos de um estúdio. Um patrocínio realmente não é uma má idéia, melhor do que tirarmos do nosso bolso - aprovou Bones.

Em 5 semanas chegaria às lojas de Dreamworld o CD de estréia da Meecrob: Vida Nova.
Dremworld ficaria pequeno para eles agora.

Fala que eu te escuto

Postar um comentário